[CONTO] Mudar? Hm... Pode ser interessante.

Mudanças são tão complicadas. Claro que mudar é sempre bom, mas é uma atitude imprevisível: você nunca saberá no que resultará.

Passei todo o ano anterior decidindo qual curso da faculdade eu iria escolher e o que mais seria acessível para mim. A decisão foi um processo, digamos, extenuante. Ainda bem que assim que decidi que queria cursar Relações Internacionais, percebi que foi uma decisão sensata e ideal para mim.

Fiz vestibular. Sempre tive medo de vestibulares. Na realidade, tudo que seja decisivo na minha vida me deixa com medo. Muito medo mesmo. Por sorte, fui aprovada. Porém, a faculdade estava localizada em outra cidade, o que necessitava que eu fizesse uma mudança, já que moro no interior. Como será morar sozinha? Como será deixar tudo para trás e seguir um novo rumo? Será que eu sofrerei muito e terei poucos momentos bons?

Enfim, essas e tantas outras perguntas flutuavam em minha mente e eu não encontrava uma resposta concreta para nenhuma delas.

Fazia três meses que meu ex-namorado Clóvis, havia terminado o namoro. O motivo? Bem, disse que não sentia o mesmo sentimento por mim, que apenas me via como uma grande amiga. No começo foi torturante aceitar isso. Eu gostava bastante dele. Sim, gostava. Nunca havia amado ninguém ainda. Percebi que essa mudança me faria esquecê-lo ainda mais — o que era ideal.

Ao mudar-me para um apartamento próximo à faculdade, percebi que começaria uma nova vida ali. Jamais iria esquecer as minhas melhores amigas — Tibby, Sarah e Julie — e nem muito menos dos meus pais que me apoiaram tanto.

Anteriormente, mais ou menos um mês antes, meu pai havia falado que eu iria dividir o apartamento com uma menina que era filha de um grande amigo seu. Essa tal menina era conhecida por Wanessa e morava sozinha no local há um ano. Ao saber disso, fiquei mais animada, até porque poderíamos ser amigas. E fomos.

O apartamento era grande, aconchegante e bastante agradável. A Wanessa foi uma fofa comigo desde o momento em que pisei no apartamento. Tornamo-nos grandes amigas e aos poucos fui me adaptando àquela nova vida.

Inevitavelmente, surgiu um cara na minha vida, naquele momento. O Cara, na realidade. Conhecido como Lucas. Era incrivelmente lindo. Tinha o cabelo estilo militar, gostava de usar jeans escuro, camisas xadrez e era extremamente atraente e charmoso. E acima de tudo, tinha os olhos castanho-claros mais lindos que eu tinha visto até aquele momento da minha vida. Quando ele passava próximo a mim, sorria de forma simpática e BASTANTE agradável — era impossível não retribuir. E detalhe: estava solteiro.

Inesperadamente, ele era amigo da Wanessa e a mesma, em um determinado dia, nos apresentou.

— Lucas, acho que você já a conhece, porém não foram devidamente apresentados. Luiza, Lucas. Lucas, Luiza.

Eu, automaticamente, estendi minha mão para o tão natural aperto de mãos. Porém, ele me puxou, beijou o lado direito do meu rosto e me abraçou de forma natural, sem malícias, como se aquele determinado ato fosse o mais normal possível. Certo. Eu sei que não é nada demais, mas vindo dele, do tão sonhado LUCAS, foi no mínimo impressionante.

Eu obviamente retribuí o abraço. Não era todo dia que teria uma oportunidade como àquela — apesar de que após aquele momento acreditei que tudo iria mudar entre eu e ele, nós seríamos muito amigos. Ou até mais que isso...

E foi exatamente o que aconteceu. Ficamos bem mais íntimos e conversávamos todos os dias, e se tivéssemos oportunidade, marcávamos para irmos ao cinema ou para alguma lanchonete próxima do apartamento. E sim, ele morava no mesmo prédio. Tentação...

            Aos poucos, tornei-me sua confidente. Todos os seus segredos, mágoas, decepções, tudo ele contava para mim. Até que um dia ele me convidou para assistir um filme em sua casa. Obviamente não quis recusar e aceitei. Ao contar do tal “cineminha” na casa dele à Wanessa, ela ficou eufórica e muito feliz, e ainda disse que poderiam acontecer outras coisas; coisas mais intensas e deliciosas do que assistir filme. No momento, fiquei um pouco envergonhada, mas depois tive que concordar, até porque seria maravilhoso se rolassem coisas mais interessantes...

            Ao chegar ao seu apartamento usando uma calça jeans comum, vestindo uma camisa do bob esponja e de tênis all star, sou completamente surpreendida. Ele havia preparado um jantar à luz de velas e ainda feito comidas deliciosas. E ainda por cima, estava vestido como de costume, mas alguma coisa o tornava mais atraente naquele momento. Inevitavelmente, tive que perguntar:

— Por que você não me disse que iria fazer um jantar? — ao ouvir-me perguntar impressionada, ele sorriu.

— Calma. Irei dizer o motivo a você daqui a pouco. Contenha sua curiosidade e apenas me deixe comandar a noite. Isso já é o suficiente.

— Mas olha o meu traje... Estou completamente hor... — ele rapidamente colocou seu dedo indicador em meus lábios, fazendo-me silenciar.

— Você está ótima. Acredite. Queria que você se surpreendesse mesmo. Essa era a minha intenção.

— Certo. — Eu ainda estava assimilando tudo. Ou melhor, tentando assimilar.

            Ao servir as comidas e preparar meu prato, ele parou e respirou fundo. O que quer que ele fosse dizer-me estava deixando-o tenso. Meu coração estava palpitando tanto, que acredito que ele conseguia ouvi-lo. Ambos estávamos tensos.

— Eu não sei bem por onde começar... Está sendo bem complicado ter que dizer... — ele hesitou por um momento e prosseguiu. — Desde que passamos a maior parte do nosso tempo juntos, algo em meus sentimentos por você foi mudando; foi aumentando, na realidade. Porém, como você bem sabe, sou bem cauteloso. Não gosto de tomar atitudes de forma precipitada. Portanto, fui tentando entender o que havia mudado. E eu estou apaixonado por você. Não quero você apenas como uma amiga. Quero você como minha amiga, parceira para todos os momentos e acima de tudo — ele hesitou de novo —, quero poder ser seu namorado.

            Eu estava completamente surpreendida. Eu o olhava admirada. Como ele conseguia ser tão... tão... perfeito comigo? Inevitavelmente, uma lágrima desceu dos meus olhos. Em seguida, ele perguntou:

— Quer namorar comigo?

Abaixei a cabeça, pensei por breves segundos, e em seguida olhei bem nos seus olhos e respondi:

— Será um prazer.

Ele sorriu de uma forma enlouquecedora para mim, levantou-se e veio até mim. Ao sentir seus lábios nos meus, percebi que sentia algo muito intenso por ele. Também estava apaixonada. Até me beijando ele conseguia ser maravilhoso. E sim, tudo nele era tentador demais para mim.

            Deste momento em diante, minha vida ficou bem melhor. Wanessa ficou super feliz com a notícia e sim, o jantar foi ótimo e depois ficamos namorando por um longo tempo.

            Pude perceber que, mudanças podem ser boas. Como eu disse anteriormente, são imprevisíveis, mas podem ser ótimas. Eu não esperava conhecer pessoas maravilhosas, que mudariam tanto a minha vida. Mas conheci. E isso foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida.

            Portanto, não tenha medo de mudar. Independente de qual for a mudança ou quão difícil ela seja, não desista e mude. Só arriscando é que você poderá saber no que resultará e se valeu a pena. Mesmo que o resultado seja negativo, algum aprendizado você irá aproveitar dessa experiência.

            E nada poderia ter sido melhor para mim. Agora estou em frente ao computador, digitando essas últimas palavras ao lado de uma pessoa maravilhosa, que enquanto eu digito, me faz carinho e sussurra no meu ouvido que eu sou uma garota maravilhosa, única e que eu mudei a sua vida completamente. Enfim, agora preciso retribuir os carinhos e beijá-lo mais, porque eu necessito.

       

    

Espero que tenham gostado. (: