sábado, 18 de fevereiro de 2017

[RESENHA] A Cidade dos Espelhos - Justin Cronin

É muito difícil falar sobre este livro. Eu amo a série em si, o primeiro livro (A Passagem) é maravilhoso e muito bem desenvolvido, o tipo de leitura que você jamais esquece com facilidade. Após fazer a leitura da sequência, Os Doze, e ter achado a leitura boa, mas que poderia ser melhor, eu ainda acreditava que o desfecho da trilogia seria inimaginável, intenso e incrível. Sim, minhas expectativas eram muito altas! Porém, a minha relação com este livro ainda é muito confusa, é algo do tipo amor e ódio. Como esperado, foi um deleite compreender inteiramente cada personagem e perceber, bem sutilmente, a intenção do autor ao desenvolver sua trama, entretanto, em contrapartida, não senti a intensidade esperada e não aconteceu nem um plot twist, ao menos. 

Edição: 1
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580416435
Ano: 2016
Páginas: 688

Nota: (3,5/5)
Num futuro em que todas as regras foram mudadas, é hora de cada um encontrar o próprio destino. Ano 100 D.V.: após a destruição dos Doze e de seus Muitos, nenhum viral foi visto nos últimos três anos. As fortalezas que protegiam os últimos humanos dos infectados começam a parecer desnecessárias. Na República do Texas, as vigílias constantes já não encontram inimigos e o controle de natalidade se mostra um contrassenso quando há todo um continente vazio à espera de ser repovoado. Com novas demandas do povo surgindo a cada dia, o presidente Peter Jaxon decide levar adiante a ideia de abrir os portões da cidade fortificada e dar início à reconstrução do que um dia foi um país de milhões de habitantes. Mas a atmosfera de calmaria é apenas parte de um plano maligno. Fanning, o Zero, aquele que deu início ao caos, esteve pacientemente aguardando em sua eternidade pelo momento em que as vítimas finais baixariam a guarda. Seu exército está pronto e, em suas fileiras, as armas são garras e presas e a motivação é a sede de sangue. Para fechar essa tão esperada trilogia, Justin Cronin construiu um conto de sobrevivência e fé, em que os limites entre o bem e mal são postos à prova e um questionamento inquietante permeia cada página: o que nos torna humanos, afinal?
A história começa poucos anos depois do segundo livro, após Os Doze terem sido destruídos. A possível ideia de segurança corrobora na ilusão de que o mundo está livre dos virais e faz com que todos passem, aos poucos, a viver fora dos muros. Mas claramente é um equívoco, uma atitude inconsequente, até porque Fanning, o Zero, ainda vive e prepara seu retorno e sua cartada final para dar fim à raça humana. E após um salto no tempo extremo, a trama vai mostrando como a sociedade tem se ajustado ao "novo mundo".

Esperadamente, Zero começa a pôr seu plano em ação e o que se vê a partir daí são as mortes esperadas (característica marcante do autor). Boa parte da história se passa em vários anos depois da luta com Os Doze. Logo os protagonistas, antes jovens, agora são adultos, até idosos, passam a liderar a sociedade. São os grandes líderes da colônia em Kerville, no Texas, uma das últimas aglomerações de pessoas na América. 

"[...] o universo apesar de toda vastidão inescrutável, não era um lugar duro e indiferente em que algumas coisas estavam vivas e outras não, onde tudo que acontecia era uma espécie de acidente, governado pela mão fria das leis físicas, e sim uma teia de fios invisíveis em que tudo estava ligado a tudo, inclusive ele. Era ao longo desses fios que as perguntas e as respostas pulsavam como uma corrente alternada, todas as dores e pesares, mas também a felicidade e até o júbilo, e ainda que a fonte dessa corrente fosse desconhecida, uma pessoa poderia senti-la caso se desse a chance.”

Então, por mais que eu ame o Cronin e tudo o que ele desenvolveu na sua trilogia, não posso deixar de mencionar que o mesmo falhou em alguns momentos e aspectos, principalmente no que tange ao desfecho. Após esperar anos para conseguir ler este livro, acreditei que teria um final maravilhoso, mas acho que superestimei. A história até consegue ser clara, principalmente de início, quando busca explicar os rumos de cada personagem com bastante detalhes e descrições, utilizando até metáforas para isso (algo que eu adoro). Sendo que, a meu ver, os deslizes surgiram a posteriori. É sempre interessante aprofundar-se num enredo, principalmente quando o mesmo é longo (esta trilogia é realmente grande, acredite), mas o autor pecou quando focou em detalhes pouco pertinentes e até mesmo irrelevantes. E mesmo quando se aprofundou na vida de um dos virais (eu realmente ansiava por isso), conseguiu ser maçante, e eu precisei me esforçar para prosseguir a leitura, crendo que isso era proposital, faria sentido mais à frente. Será que fez mesmo?

[SPOILER] Outro ponto que me incomodou foi o salto megalomaníaco que a história dá e pouco é explicado sobre isso. As pessoas vivem de outra forma, são outras e tudo pareceu bastante sem sentido para mim. Achei desnecessário. Creio que isso merecia acontecer caso o autor tivesse perspectivas e propostas mais convincentes em mente, mas não foi exatamente o que aconteceu, até porque os acontecimentos posteriores eu já havia vivenciado nos volumes anteriores, não havendo assim, novidade alguma. Por mais que isso tenha sido proposital e até tivesse um intuito (é possível perceber sem muito esforço), melhor seria se fosse evitado. [FIM DO SPOILER] Quando se trata de uma conclusão, a meu ver, é necessário que surpresas aconteçam, e reviravoltas também. Mas o autor claramente preferiu trilhar outro caminho e isso não pareceu equivocado da parte dele. Muito pelo contrário. A escrita do Cronin está mais madura, é perceptível a segurança que ele teve ao desenvolver os últimos detalhes de sua história. 

Se você espera ação e até um suspense bem simplório, poderá encontrar facilmente, mas não de início. O que realmente dá o fôlego que a história precisa é quando determinado viral toma as rédeas, a luta começa a emergir e logo é possível ser fisgado pelas páginas. O Cronin é maravilhoso quando se trata de construir um clímax interessante; ele sabe ser convincente. E o mais doloroso é saber que qualquer personagem pode vir a morrer. Cada pessoinha que permeia esta história é muito bem construída e desenvolvida (eu realmente invejo essa capacidade do autor), logo é possível se apegar a qualquer um. O difícil mesmo é julgar algum. Claramente uma tática interessante do Cronin ao jogar para o leitor a seguinte indagação: será que somos consequência dos nossos erros e pecados? E indo mais além, o que seria o pecado? A quem ou o quê devemos culpar para chegarmos à uma razão?

Confesso que esperava MUITO dos últimos capítulos, principalmente do epílogo. [SPOILER] Mais uma vez, há outro salto megalomaníaco (adoro essa palavra) no tempo e a história já se apresenta em um mundo completamente modificado, diferente e até inusitado. Eu realmente queria e esperava algo mais esclarecedor quanto a tudo isso, mas não foi o que aconteceu. [FIM DO SPOILER] Se eu for comparar este livro aos anteriores, "A Cidade dos Espelhos" é o mais fraco, o que pouco me surpreendeu e até me fez notar clichês que eu não vi outrora, nas outras histórias, infelizmente. Não quero afirmar que é ruim ou que é uma completa frustração. Longe disso! Eu realmente só esperava mais, muito mais do autor, principalmente sabendo da capacidade dele. Mas repetindo: nada aqui é deliberado, ele sabia o que estava escrevendo e realmente quis concluir sua trilogia assim. Okay, choices.

Para concluir, deixo bem claro que todo fã ou bom apreciador da série deve ler o desfecho e ter sua própria opinião sobre o que é apresentado. O autor tem muito a compartilhar com cada leitor. Pude perceber que esta história, por mais que seja pautada como ficção científica e terror, é muito mais dramática (lê-se humana) que qualquer outra; consegue ir além e põe em questão a essência humana, o que realmente nos torna o que somos e ainda busca ir mais a fundo, criticando determinados "valores" e trazendo tantas outras questões à tona. Como eu disse anteriormente, poderia ser melhor e até menor (se determinadas partes desnecessárias fossem retiradas), mas de modo geral, consegue ser um bom livro e eu pretendo ler outras histórias do autor. 

7 comentários:

  1. Oii,
    Tudo bom?
    Eu não sabia que era uma série! Eu já ouvi sobre "A Passagem", mas esse realmente eu não conhecia! Justamente por eu não ter lido nada das obras, a resenha não fez muito sentido para mim hehe mas AMEI a forma pela qual você colocou os pontos da história!

    Adorei o blog! *-* Estou seguindo-o... E convido você a conhecer o meu cantinho, e se gostar e puder seguir agradeço imensamente...

    Beijinhos

    Lylu - Menina Lylu

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  2. Oi, Leandro!
    Esse livro não faz muito o meu gênero, e é péssimo quando um livro não atinge nossas expectativas, mas o bom é que ele traz ótimas reflexões, apesar de detalhar coisas desnecessárias!
    Não sei se me aventuraria na história! Hahaa

    Beijos!
    Eli – Leitura Entre Amigas
    http://www.leituraentreamigas.com.br/

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  3. Oi Leandro,
    Ainda não li a série e confesso que nem sei se vou ler.
    Não é um gênero que chame minha atenção, sabe? Mas acho que temos um gosto literário parecido, então posso dar uma chance a essas obras.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  4. Olá, Leandro.
    Nossa opinião sobre esse livro foi um pouco diferente. Eu achei que o autor veio numa crescente. Achei Os Doze melhor que o primeiro e esse o melhor dos três. Não terminou como eu queria que terminasse, mas tenho que concordar que o autor fez melhor trabalho do que eu faria hehe. Eu gostei muito da trilogia toda e acho ela uma das melhores que eu já li.

    Prefácio

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  5. Oie Virginiano <3!

    Então ... quando o primeiro livro dessa série foi lançando fiquei bem curiosa para conhecer a história, porém conforme o tempo foi passando acabei perdendo o interesse nela.

    Uma pena que o final da trilogia tenha deixado a desejar para você, mas as vezes acontece =(

    Beijos;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

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  6. Oi Leandro!

    Não conheço a série, mas quando o primeiro foi lançado eu fiquei bem curiosa, que pena teve o salto megalomaníaco, sim eu leio spoiler rsrsrsrsrs mas a série parece ser bem interessante!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  7. Oi Leandro!
    Tenho vontade de ler essa série. Uma pena que justo o último livro decepcionou.

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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